Resenhas premiadas 2021: Ensino Fundamental

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

MARIA EDUARDA PIRAJÁ RODRIGUES LIMA

1º LUGAR

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

A AUSÊNCIA EM PALAVRAS

 

O livro Caderno de Um Ausente (2014) de João Anzanello Carrascoza é um romance em que se traz uma extensa carta de um pai para uma filha que acabou de nascer. Ele faz parte de uma trilogia, Trilogia do Adeus, que traz a representação de uma família por meio de uma escrita carregada de poesia.

Caderno de Um Ausente foi publicado pela primeira vez em 2014, pela editora Cosac & Naify, contendo 128 páginas, tendo sido premiado em 2° lugar na categoria Romance do Prêmio Jabuti em 2015.

O autor dessa história é um dos nomes mais notáveis da literatura brasileira contemporânea, João Anzanello Carrascoza, de 59 anos, nascido em Cravinhos, São Paulo. Formado em Publicidade e Propaganda pela USP, onde é professor, ministrando a disciplina Redação Publicitária. Ele também é docente do Programa de Mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de

Propaganda e Marketing. É autor de Aquela água toda (2012), Aos 7 e aos 40 (2013) e Elegia do irmão (2019), entre outros livros. Suas histórias já foram traduzidas para diversos idiomas e ele já recebeu prêmios importantes, como os prêmios “Guimarães Rosa” e o da “Fundação Biblioteca Nacional”.

Em “Caderno de Um Ausente”, Bia, para quem se é feito o caderno, nasce quando seu pai já é mais velho, e, por medo de não ter tempo suficiente de estar no futuro de sua filha, João, o pai de Bia, resolve escrever este diário, com relatos de sua vida e dos que vieram antes, seus familiares. Nesse sentido, além de memórias,

Bia terá acesso a um texto humano, cheio de ensinamentos, e muitas vezes, duro: “eu não posso te dizer o contrário, que é possível a gente se curar dos outros - eu, nem de mim, até hoje me curei” (CARRASCOZA, 2014). Seu pai lhe escreve sobre o cotidiano, sobre a beleza nele que deixamos passar, sobre a importância de enxergarmos as dádivas que, na maioria das vezes, vêm travestidas, e que, por isso, é preciso ficar atento para percebê-las.

A escrita do autor é feita de uma maneira sensível. Ela é fluida e traz uma certa simplicidade, como se as palavras lhe abraçassem. João Carrascoza traz à tona assuntos que nos tocam de diferentes formas, ele consegue trazer em palavras as vulnerabilidades que enfrentamos em nossas vidas, nos lembra que em um mundo cheio de incertezas, nós apenas temos certeza da despedida, de que as dores estarão lá, e que “o tempo nos nega os desejos e nos avilta os sonhos, por que não existe a terra prometida se não em nós” (CARRASCOZA, 2014). Nessa perspectiva, o leitor irá reparar, ao longo do livro, algo que o vai intrigar bastante, que são os espaços em branco. Esses espaços, desse modo, farão o leitor se questionar o porquê deles, e ao fim do livro, cada um vai ter sua percepção do que eles significam.

Particularmente, esse livro me envolveu de uma forma que eu não imaginaria que pudesse, me levou a lugares dentro de mim que estavam adormecidos, é aquele livro difícil de se esquecer. Assim, recomendo “Caderno de Um Ausente” a todos que gostariam de se sentir atravessados pela poesia.

CARRASCOZA, J. A. Caderno de um ausente. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

FERNANDA CAMYLA CAVALCANTE ALVES 

2º LUGAR

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

CADERNO DE UM AUSENTE

 

Caderno de um ausente (2014) é a primeira obra da “Trilogia do adeus” escrita por João Anzanello Carrascoza, uma das maiores figuras literárias da contemporaneidade brasileira. Publicado em 2014 pela editora Cosac Naify, Caderno de um ausente (2014) é um romance epistolar que traz consigo a mais pura devoção da voz de um pai assustado por uma paternidade tardia. O livro contém 126 páginas e não mantém uma divisão em capítulos. Sua narrativa é impulsionada por um medo, medo este tão comum entre as pessoas: o tempo.

João, um pai de meia idade já com uma longa trajetória de vida, enfrenta os desafios do nascimento de sua filha, Bia, marcados pelo temor de lacunas geradas pela sua ausência, dadas, possivelmente, pela iminência de uma morte por conta de sua idade avançada. A única solução encontrada por ele, na narrativa, para permanecer nas memórias de Beatriz é registrar e coletar suas melhores memórias em um caderno, repleto de lições e ensinamentos que ele desejaria partilhar com ela ao longo de sua vida, eternizando um pedaço de uma existência, um sumo que transborda vestígios de um amor incondicional de um pai pela sua filha.

A complexidade e delicadeza das palavras do autor contribuem para a natureza intrinsecamente trágica do enredo, nos levando a mergulhar de cabeça no livro particularizado por suas metáforas complexas que demonstram explicitamente a angústia do pai, apresentada, nitidamente, por meio da falta de pontos finais. Além disso, a divisão de frases sendo feitas apenas por vírgulas reforçam a corrida contra o tempo do personagem para desenhar estrelas ao redor das cicatrizes de sua filha e torcer para que, no futuro, sua escrita possa estancar o sangue quando elas se abrirem.

A obra é de uma absurda genialidade, toca o nosso íntimo e explora nossos sentidos. Pode-se considerar facilmente as páginas lidas deste livro como doses homeopáticas de vida que cativam e deixam marcas, marcas de saudade. Saudade das pessoas próximas, de momentos felizes e, principalmente, de poder parar por alguns minutos para apreciar as coisas simples da nossa existência, suspendendo o piloto automático em que estamos vivendo constantemente.

Recomendo este livro àqueles que desejam passar por um processo de ressignificações, àqueles que se entregam completamente a uma leitura, visto que, se você se permitir a experiência que este livro lhe proporcionará, ela será surpreendentemente intensa e inesquecível.

João Anzanello Carrascoza é um escritor paulista nascido em 1962, conhecido por seu estilo literário que explora as complexidades da vida. Ele teve seu primeiro romance publicado em 2013 pela Cosac Naify: Aos 7 e aos 40 (2013). Sua obra mais conhecida é Caderno de um ausente (2014). Por esse trabalho, recebeu o Prêmio FNLIJ, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria Jovem e foi um dos ganhadores no 57º Prêmio Jabuti.

 

CARRASCOZA, J. A. Caderno de um ausente. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

GABRIEL AZEVEDO AMORIM VIEIRA BELO

3º LUGAR

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

A GAROTA DO LAGO

 

“A Garota do Lago” é um livro infanto-juvenil escrito por Charlie Donlea; teve sua primeira publicação no Brasil em 2017 pela editora “Faro Editorial”, após a obra ser traduzida por Carlos Szlak e popularizar com críticas de autores famosos como Steve Berry. Trata-se de um drama investigativo envolvendo o assassinato de uma jovem, possui um romance profundo e uma história perplexa, explicada através de perspectivas dos dois personagens principais, em 295 páginas e 51 capítulos.

Becca Eckersley era uma jovem estudante de direito com um oportuno futuro em sua carreira, esta que ela desejava seguir graças ao seu pai, um poderoso advogado, além de uma ótima vida pessoal contendo no entanto alguns segredos; até que durante uma viagem de estudos para Summit Lake, uma pequena e calma cidade entre montanhas, ela foi brutalmente assassinada e encontrada na manhã do outro dia em sua moradia. Kelsey Castle uma repórter investigativa é enviada para noticiar sobre esse caso, e durante o seu trajeto de desvendar o que realmente aconteceu, ela se sente cada vez mais conectada com a garota assassinada e promete para si que não sairá da cidade até solucionar o ocorrido.

A estrutura do livro possui uma divisão em 4 partes entre os capítulos, ótima escolha do autor para situar em quais momentos as personagens estão, pois a narração ocorre a partir da exibição dos personagens presentes em linhas do tempo diferentes, intercalando suas visões a cada capítulo. Essa confusão pode ter ocorrido por ser meu primeiro contato com esse estilo de apresentação, contudo depois de um curto período, a leitura fica bem interessante, conforme a narrativa da Becca vai chegando ao fim e a da Kelsey começa a intercalar com a da Becca em sincronia. Esta foi a melhor experiência proporcionada pelo livro, sem esquecer é claro do seu final, que como um leitor razoável de livros investigativos me surpreendeu bastante, além da parte do drama que ficou uma junção perfeita com o romance suave e intenso apresentado durante o percurso, recomendo fortemente a leitura desta obra.

Charlie Donlea vive em Chicago com seus dois filhos e esposa. Costuma viajar por estradas paradisíacas inspirando os cenários de seus livros de suspense. Costuma acrescentar em suas obras como “Deixada para trás”, “Uma mulher na escuridão” etc… algo que gosta de encontrar nos seus entretenimentos prediletos: uma história capaz de deixar o leitor refletindo sobre ela por muito tempo.

 

DONLEA, Charlie. A Garota do Lago. 2a Edição. São Paulo: Faro Editorial, 2019.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

BEATRIZ AGUIAR MAIA

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

O OUTRO LADO DA HISTÓRIA

 

A obra literária “A mais bela de todas” faz parte de uma serie de livros dos vilões da Disney, e foi escrita pela norte-americana Serena Valentino de 51 anos. O livro possuí 208 páginas e 23 capítulos, e foi publicado em 2016 pela editora Universo dos Livros.

“A mais bela de todas” é uma adaptação do conto Branca de Neve e os sete anões, da Disney, mas seu foco principal é contar a história da Rainha Má, mostrando toda sua trajetória desde quando era uma plebeia até os motivos que levaram ela a ser a vilã tão conhecida no universo da Disney por envenenar a Branca de Neve.

A história inicia quando a Rainha trabalhava com seu pai em sua loja de espelhos, que era a mais conhecida da cidade, ao Rei passar por ela e ver a grande beleza da moça fica encantando, tempo depois pedindo-a em casamento; a moça ao ser escolhida devido a sua beleza pelo Rei, começa com uma obsessão em ser sempre a mais bela do reino.

Durante o livro você percebe que a madrasta não foi sempre má com a enteada, logo que chega ao palácio, com a princesa ainda muito pequena ela assume o lugar de mãe e protetora da garotinha, como é possível ver nesse trecho retirado do livro quando três primas do rei ameaçam a menina “Eu preciso ter certeza de que você sempre recorrerá a mim, especialmente se alguém estiver tentando fazer-lhe mal. Estou aqui para protege-la, meu amor; não importa a situação, você tem que confiar que sempre pode recorrer a mim.”

A obra mostra cada detalhe do que aconteceu até a rainha ficar tão fixada na constante aprovação dada pelo escravo no espelho sobre sua beleza, que a família que ela tanto amava e protegia acaba ficando de lado. No final da leitura a rainha mostra seu arrependimento em ter se tornado cruel e má, igual ao seu pai e principalmente o arrependimento de ter “matado” a princesa, e não vendo mais alternativa de voltar a ser a mulher doce que era, decide se jogar do penhasco para acabar com a sua obsessão. Branca de Neve, mesmo depois de tudo que a Rainha fez, lamenta por sua madrasta não estar mais com ela, e diz que a Rainha foi seu anjo da guarda até o dia da morte do marido.

Eu gostei muito do livro, é uma leitura muito rápida, divertida e dinâmica; recomendo o livro para o público infanto-juvenil; é muito bom você entender que ninguém nasce malvado e sim os fatos da vida acabam por prejudicar mais uns do que outros, e é interessante ver a grande transformação da rainha que era tão gentil e amorosa até se tornar uma pessoa que foi tomada pelo ego de ser a melhor e mais bonita.

Percebi durante o livro que a beleza em que o escravo do espelho falava sempre, era a beleza interna, não externa; enquanto a rainha não tinha inveja e pensamentos ruins em relação aos outros, quando seu coração ainda era considerado puro, ela era a mais bela, quando começou a ter inveja da sua Dama de Companhia, Verona, a Dama se tornou mais bela, pois ela não retribuía a o mesmo sentimento de ódio pela Rainha. A mesma coisa aconteceu com Branca de Neve, que nunca teve inveja da beleza da madrasta, sempre a exaltando-a.

A reflexão dada pelo livro é muito importante de ser feita e discutida, sobre como uma pessoa tão boa pode se transformar em um “monstro” pelo simples fato de querer ser “A mais bela de todas.”

 

VALENTINO, Serena. A mais bela de todas: a história da Rainha Má / Serena Valentino; tradução de Jacqueline Valpassos – São Paulo: Universo dos Livros, 2016.

 

ESTUDANTE

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CATEGORIA

OBRA

ALLANA CARLA GONÇALVES BARBOSA

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

UM CAMINHO NEM TÃO DISTANTE DA ATUALIDADE

 

Ambientado no final da década de 30, “The giver of star” (“Um caminho para a liberdade” em sua versão brasileira) é um dos últimos livros da jornalista e romancista britânica Jojo Moyes, publicado pela primeira vez no ano de 2019. Contendo 28 capítulos e 368 páginas na versão da editora Intrínseca, traduzida por Ana rodrigues, Catharina Pinheiro, Julia sobral Campos e Maria Carmelita Dias, o livro traz assuntos que não são tão velhos assim.

A obra conta com cinco personagens principais; Alice Wright, Margery O’Hare, Beth Pinker, Izzy Brandy e Sophia. Alice é uma jovem inglesa, que, por seu sotaque repuxado e seus cabelos louros, acaba chamando atenção por onde passa. Certo dia ela conhece Bennet, e encantada pelo jovem americano a mesma logo fica noiva do rapaz. Quando casada, se muda para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, e é aí a menina percebe que a vida que ela imaginara não seria nada parecido com a realidade.

Numa ida à igreja da cidade, Alice encontra a Sra. Brandy anunciando a criação de uma biblioteca móvel totalmente feminina, onde seu intuito era levar livros à cavalo para aqueles que não tinham acesso a uma biblioteca próxima. A biblioteca já contava com três integrantes: Margery O’hare, uma mulher que aborrecia a maioria dos homens da cidade por seu amor pela própria liberdade, Beth Pinker, uma menina de cabelos louros escuros e um pouco quieta a primeiro contato e Izzy Brandy, que, na verdade, foi empurrada pela própria mãe, Sra. Brandy, para o projeto. Entretanto ao ver que precisavam de mais moças para o serviço, Alice, mesmo sob protestos de seu sogro e marido, se voluntaria para o trabalho.  A última e com certeza não menos importante a ser introduzida é a jovem Sophia, uma mulher negra com cabelos crespo. Trazendo para história uma realidade totalmente diferente das outras meninas, deixando o livro ainda mais rico.

Nascida em 1969, Pauline Sara Jo Moyes, conhecida como Jojo Moyes, era uma jornalista britânica, porém no ano de 2002 ela deixou seu emprego de jornalista, se dedicando totalmente à profissão de escritora. Com mais de 10 livros publicados, seu maior sucesso é o romance “Como eu era antes de você”, obra que vendeu mais de 8 milhões de cópias, ficando em primeiro lugar na lista de livros mais vendidos em 9 países e que, inclusive, ganhou uma adaptação para os cinemas onde também foi destaque. Completando a lista de sucessos, ela foi uma das poucas escritoras a ficar com três livros, ao mesmo tempo, na lista de mais vendido da New Work Times, além de ganhar duas vezes o prêmio Romantic Novelist's Award.

Escrito por alguém como ela, não é à toa que o livro tenha ficado incrível. Jojo pensou em cada detalhe, envolvendo o leitor de forma extraordinária, causando desde raiva, a tristeza e passando pelo humor e felicidade, juntando mulheres extremamente diferentes, mas que juntas enfrentarão uma cidade inteira pelo amor aos livros. Mesmo se passando em meados de 1937, ela conseguiu deixar o assunto extremamente atual. Esse é um livro perfeito para aqueles que adoram uma bomba de emoções, inspiração e esperança.

 

MOYES, Jojo. Um caminho para a liberdade: tradução de Ana Rodrigues, Catharina Pinheiro, Julia Sobral Campos e Maria Carmelita Dias -1. Ed.- Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.

 

ESTUDANTE

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OBRA

FELIPE VALÉRIO DE ANDRADE ALVES

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

MALALA, A MENINA QUE QUERIA IR PARA ESCOLA

 

Em 2013, a editora Companhia das Letras publicou o livro da jovem ativista Malala Yousafzai : “Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã.”  Sua escrita correu o mundo e revelaram outras obras inspiradas em sua história de vida.  Dentre essas, indicamos a leitura de “Malala, a menina que queria ir para a escola”, da escritora e jornalista brasileira Adriana Carranca, com ilustrações de Bruna Assis Brandão, destinada ao público infanto-juvenil e publicada em 2016.

A obra literária "Malala, a menina que queria ir para a escola", pelo título pode parecer uma história infantil e rasa, porém o livro de Adriana Carranca é, até de certa forma pesado, pelo que ela conta sobre a realidade de meninas paquistanesas, principalmente a de Malala Yousafzai, que foi baleada, e quase veio a óbito aos 15 anos por membros do grupo extremista Talibã, que comandava o Vale do Swat, local onde a jovem habitava, somente porque ela lutava pelos direitos das mulheres, principalmente pela educação.

Adriana Carranca, a autora do livro, que foi ao Paquistão dias depois do atentado para entender a história de Malala, é uma renomada jornalista paulista, que trabalha como colunista e repórter especial dos jornais "O Globo" e "O Estado de São Paulo". Já foi enviada a diversos países mundo afora para cobrir conflitos, como uma série de reportagens que ela fez no Iraque e na Síria. Também conquistou diversos prêmios, como o "Troféu Mulher Imprensa", em 2016, na categoria de "Correspondente brasileira", além de ter ganhado com o livro sobre a paquistanesa os prêmios de "Melhor livro informativo" e "Escritora revelação", da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, no mesmo ano.

A personagem principal do livro, Malala Yousafzai, é uma ativista, que, desde criança, foi incentivada pelo seu pai e professor Ziauddin Yousafzai, a lutar pelos próprios direitos. A garota seguiu esses conselhos e sempre defendeu a educação, sobretudo para as meninas. Quando os talibãs chegaram ao vale do Swat, Malala tornou-se mais conhecida pelo seu blog, através do qual, de forma anônima, dizia como estava a caótica situação do vilarejo.

O anonimato, porém, não durou muito, pois logo foi descoberta e perseguida pelos extremistas. E, até mesmo depois de quase falecer, Malala não se calou, chegando a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, em 2014, e vem-se tornando exemplo de força e perseverança para mulheres de todo o mundo, principalmente para as que vivem em locais dominados pelo Talibã.

O livro “Malala, a menina que queria ir para a escola” é extremamente atual, pois podemos entender o que as mulheres estão passando no Afeganistão, com a chegada do grupo Talibã, além de ser uma leitura agradável, rápida e de fácil compreensão, pois é feita para o público infanto-juvenil. Além de servir de inspiração, não só para meninas; e, sim, para todos, no sentido de lutar pelo que você quer e nunca deixar de acreditar que a educação é um direito de todos e de todas.

 

CARRANCA, Adriana. Malala, a menina que queria ir para a escola. 1° ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2016.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

GABRIELA MENDONÇA DE LIMA

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

GENTE ANSIOSA

 

"Gente ansiosa” é uma novela contemporânea escrita por Fredrik Backman, um romancista e colunista sueco. Backman nasceu em Estocolmo, em 1981, e em 2012 publicou seu primeiro romance, “Um Homem Chamado Ove”, que estreou em 2015 como uma adaptação para às telas. Sua mais nova obra “Gente ansiosa” foi lançada originalmente na Suécia em 2019 como “Folk med Angest”, mas teve sua edição brasileira publicada apenas em 2021 pela editora Rocco.

A narrativa se desenrola no dia antes da véspera de ano novo em uma cidade pequena, quando a partir de uma única e desastrosa ideia, tudo passa a girar em torno de um imóvel a venda, um drama de reféns, um assaltante de banco não tão assaltante de banco, e mais especificamente, idiotas. A partir disso, inúmeros cenários absurdos transcorrem numa velocidade impressionante.

Através de uma escrita contagiante e boas doses de humor, o autor disserta com maestria temas como saúde mental, relacionamentos e suicídio. É de uma beleza dolorosa como o autor mostra as dificuldades de ser humano, todas as escolhas que devemos fazer o tempo todo e como precisamos disfarçar que nem sempre estamos verdadeiramente no comando de nossas vidas, porque ela segue em frente  ininterruptamente, “Porque vivemos num tempo em que há uma quantidade inacreditável de coisas com que todos nós devemos ser capazes de mudar”¹.

Dividido e estruturado em 74 capítulos, este romance humorístico e psicológico traz histórias da gravidez de um casal de lésbicas, uma senhora viúva com a nostalgia de um romance finalizado por uma vírgula, um casal de meia idade com o casamento desgastado e uma solitária e arrogante mulher em processo de terapia. Com personagens caracterizados por personalidades difíceis mantidos em um drama de reféns juntos         , o autor delineia da forma mais crua possível o jeito que o ser humano enxerga seus iguais.

Nunca li outro livro como este, é o tipo de obra que raramente temos total certeza do que acontecerá no próximo capítulo, ou até na página seguinte. É cativante como a história se firma no desenvolvimento dos personagens e as relações entre si. É uma história sobre idiotas, e em geral, todos que entendem “o quanto é idiotamente difícil existir como ser humano”¹.

Indico “Gente ansiosa” para todos os jovens que constantemente sentem o peso do mundo em seus ombros e para todos os adultos que nem sempre tem um plano, apenas tentam fazer o seu melhor para sobreviver ao dia, “porque haverá outro batendo na porta amanh㔹.

“A verdade? A verdade disso tudo? A verdade é que esta foi uma história que falou de muitas coisas diferentes, mas principalmente de idiotas. Porque estamos fazendo o melhor que pudemos, realmente estamos. Estamos tentando ser adultos, amar uns aos outros e entender como raios se conecta cabos USB”¹.

 

¹BACKMAN, Fredrik. Gente ansiosa. Rio de Janeiro: Rocco, 2021.

 

ESTUDANTE

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OBRA

KEEVEN ÁTHYLA ALMEIDA DA SILVA 

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA

 

Nascido em fevereiro de 1920 em São Paulo e de família paupérrima, José Mauro de Vasconcelos foi o autor de “O meu pé de laranja lima” (publicado inicialmente em 1968), clássico da literatura que já vendeu mais de meio milhão de exemplares em 52 idiomas ao redor do mundo. Apesar de sua genialidade na esfera literária, José Vasconcelos jamais formou-se academicamente e precisou trabalhar desde muito cedo para auxiliar financeiramente sua família, exercendo profissões de treinador de boxe a garçom. Escreveu também outros livros (seu primeiro sucesso literário foi “Rosinha, Minha Canoa''), mas nenhum deles se compara à referida obra, que, além de ser magnífica, é uma autobiografia. Um livro que, apesar de ter sido escrito em apenas doze dias, impactou gerações passadas e provavelmente ainda impactará muitas outras que estão por vir. A releitura do romance autobiográfico “O meu pé de laranja lima” em peça teatral, filme e novela televisiva comprovam a característica atemporal dessa obra.

A obra narra um curto período da vida de Zezé, um menino que vive na extrema pobreza em Bangu, subúrbio do Rio de Janeiro, e que faz de sua imaginação um refúgio para se manter longe da árdua realidade ao seu redor, “um meninozinho que um dia descobriu a dor”. É um menino que gosta de poucas pessoas, que faz amizade com animais e plantas e cuja infância foi, em parte, destruída pela necessária e precoce aprendizagem de aspectos referentes à vida adulta. Seu melhor amigo é um pé de laranja lima, chamado de Minguinho, ou Xururuca. Zezé conversava muito com ele, que dizia ser “a coisa mais linda do mundo”. As precocidades desse rapaz, dentre as quais podemos citar o fato de que ele aprendeu a ler sozinho, surpreenderam a todos. Apesar de tantas dificuldades no dia a dia, ele encontrava prazeres em objetos simples, como, certa feita, trocou algumas figurinhas suas por um simples besouro: “peguei o besouro, enfiei no bolso e fui-me embora”.

Muitos dos mais sábios e experientes leitores consideram a obra emocionante e muito impactante. Há uma profunda reflexão acerca de aspectos relacionados à pobreza extrema e às dificuldades pelas quais passam várias famílias nas periferias brasileiras ainda na atualidade, dentre as quais, pode-se citar a ausência de saneamento básico, como presente no trecho: “Cheguei perto do capinzal do valão e olhei a água suja escorrendo. ”

Essas e outras dificuldades, principalmente de ordem financeira e social, acabam por interferir negativamente no futuro de muitos jovens, visto que centenas deles necessitam interromper os estudos para trabalhar desde muito cedo, como ocorreu com Zezé, cujo sonho era ser “poeta de gravata de laço”, e com José Mauro de Vasconcelos, o criador da obra. Muitas pessoas insistem em afirmar que a sociedade brasileira atual precisava de pessoas que fizessem algo profundo, impactante e que provocasse na sociedade atual uma profunda reflexão. José Mauro de Vasconcelos e Zezé, sem dúvida, conseguiram. 

 

VASCONCELOS, José Mauro de. O meu pé de laranja lima. 3ª edição. São Paulo: Melhoramentos, 2009. 

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

LETÍCIA DE MELO FERREIRA

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

1984

 

Publicada em junho de 1949, “1984” se tornou a obra de mais sucesso do romancista George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair. O escritor que nasceu no dia 25 de junho de 1903, na Índia, estudou em instituições elitizadas e atuou na polícia imperial da Birmânia por cinco anos, quando abandonou o cargo. Dispôs de uma carreira marcada pelas publicações de seus manuscritos, que teve fim com sua morte aos 46 anos, vítima de tuberculose.

O livro traz uma perspectiva futurista de uma sociedade controlada sob regime totalitário de certo partido político. Nesta realidade idealizada por Orwell, as buscas por liberdade e individualidade são altamente extinguidas, onde, sobretudo, o passado e a verdade são dominados pelo partido. Em função das diretrizes regidas por este, todos são vigiados pelas “teletelas”, tecnologias desenvolvidas pelo governo do “grande irmão”, a fins de supervisionar a população e servir de televisor.

Desfrutando de uma vida limitada às condutas submetidas, Winston Smith trabalha no Ministério da Verdade, reescrevendo artigos e publicações provenientes de tempos passados, de modo a apoiar o partido. O homem possui julgamentos contraditórios às ideias partidárias, tais quais não deveria dar-se a liberdade de executar, uma vez que, descoberto pela polícia do pensamento, seria criminalizado imediatamente. Winston se põe em uma situação difícil ao se relacionar romanticamente com Júlia, visto que alianças deste grau de afeto não são apropriadas às normas governamentais. Conseguirá Winston sobreviver aos encontros às escondidas e sair impune de seus crimes?

“1984” é uma obra que implica em acontecimentos passados, presentes e futuros. Ela reflete na nossa realidade atual, onde existem países que se assemelham às condições determinadas por Orwell, em que a liberdade e a privacidade são cada vez mais represadas. Ao lê-la, questionamentos envolvem a nossa mente e a ansiedade pelo descobrimento do que é verídico, ou não, nos consome ao decorrer da história.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

LÍCIA LARISSA ASSIS DE AMORIM

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

O DIÁRIO DE ANNE FRANK

 

O diário de Anne Frank, um dos clássicos da literatura, tem por sua autoria uma adolescente de 13 anos. O falecimento precoce da jovem, por conseguinte, tornou encarregado de publicar o diário, Otto Frank, que além de ser pai da jovem e banqueiro, fundou a Editora ANNE FRANK FONDS, publicando o livro em 1947 na Holanda e permitindo que a obra ficasse mundialmente conhecida, que em suas principais versões contém 352 páginas. Anne nasceu em 12 de junho de 1929, na Alemanha, pertencente a uma família de 4 pessoas, todas judias e não obstinadas a abrir mão de suas vidas, que se abrigaram, estrategicamente, em um lugar adaptado durante a ascensão de Adolf Hitler.

O cenário em que o mundo se encontrava enquanto Anne escrevia em seu diário, era devastador, os países travavam a Segunda Guerra Mundial no ápice da adolescência da caçula da família Frank. Vale ressaltar, que esse momento histórico começou em setembro de 1939 e perdurou até setembro de 1945; a menina começou a escrever na data de seu nascimento, e o seu “companheiro de aventuras” teve suas páginas manuseadas por ela pela última vez em 1° de agosto de 1944. O diário de Anne, apelidado de Kitty, é um relato das atrocidades desse período, usado muitas vezes como referência no ambiente escolar, quando se tem como objetivo incentivar a leitura e impulsionar o interesse histórico.

Em um anexo secreto, escondido na empresa de seu pai e contando com a ajuda de Victor Kugler, Johannes Kleimam, Miep Gies e Elisabeth Voskuijl e outras pessoas, Anne e sua família vivem juntamente com a família Van Pells, o vendaval das batalhas do século XX na Holanda. Concomitantemente, Anne não só nos informa acerca das atualizações conflitantes, mas explora as descobertas e reflexões de sua faixa-etária. Trazendo em forma de críticas objetivas, claras e com desenvoltura melhor do que o estimado, os relatos proporcionam um mergulho junto com Anne nos acontecimentos do cotidiano, fazendo o leitor acompanhar seus vínculos afetivos; seus conhecimentos adquiridos precocemente; o medo infiltrado no dia a dia de uma forma até o momento desconhecida; barulhos simplórios tornando-se sinal de alerta; a vida dentro de um cubículo e o andamento dos estudos em meio ao caos.

A obra literária que permite ao leitor emocionar-se ao rolar das páginas, possui uma leitura instigante, prazerosa e que desbrava a criação dos laços empáticos com o próximo. Traz um despertar e meditar acima da natureza humana, contestando os preceitos já estabelecidos na sociedade e abordagem de temas que são censurados preconceituosamente pela invalidação da inteligência, personalidade, capacidade física e intelectual de acordo com sua cor, religião, sexualidade, nacionalidade e conhecimento.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

MARIA EMANUELE DA SILVA LIMA

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

O ASSASSINATO NA CABINA 2

 

 

A obra “O assassinato no Expresso do Oriente” é escrita por Agatha Christie, conhecida também como “a rainha do crime”. Nasceu na Inglaterra, em 1890 e faleceu em 1976. Atuou como romancista, contista, dramaturga e poetisa. Escreveu oitenta romances, mais de doze peças e várias coletâneas de contos.

            O livro possui 197 páginas e é dividido em três partes: “os fatos”, com oito capítulos; “os testemunhos”, com quinze; e “Hercule Poirot para e pensa”, com nove. Além de ter também, alguns trechos em francês. É do gênero romance policial, foi lançado em 1934 e já passou por várias adaptações para filmes. É uma ótima escolha para quem deseja começar a ler este gênero e quer sair um pouco do “normal” e comum.

            Relata a história do detetive Hercule Poirot, que estava viajando para Istambul, mas, ao chegar no hotel, recebe uma correspondência e precisa voltar imediatamente para Londres. Assim, embarca no trem Expresso Oriente com a ajuda de Bouc, seu amigo e diretor na companhia, já que estava lotado. Após alguns dias de viagem, o trem para na estação devido a forte nevasca e, Poirot é solicitado para resolver um assassinato que havia sido cometido a facadas contra um dos passageiros no trem. 

            A partir disso, o detetive começa a investigar o caso, descobre novas informações, ouve os depoimentos de todos que estavam no trem, examina a bagagem dos passageiros, pensa e chega em uma conclusão, descobrindo quem é o assassino.

            Gostei bastante do livro, apesar de ter sido um grande desafio lê-lo, pois nunca tinha lido um livro de romance policial e nem gostava muito. A linguagem é um pouco complexa e difícil, e algumas partes são mais difíceis do que outras para a compreensão. Mas mesmo assim, a autora faz com que o leitor fique curioso e não consiga parar de ler, ficando preso do início ao final, que é surpreendente.   

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

MARIA JÚLIA DE ALMEIDA BRAGA CAMARGO

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

DA ARTE À REVOLUÇÃO, DA REVOLUÇÃO À ARTE

 

A coleção de livros “Antiprincesas”, escrita pela mestra jardineira, escritora e jornalista argentina Nadia Fink, que também produziu a coleção de livros “Antiheróis” e trabalha na edição de diversos editoriais argentinos, como o El Colectivo, tem o objetivo de levar histórias de mulheres importantes, revolucionárias e reais para o público infantil e infanto-juvenil de todo o Brasil.

Em um dos livros dessa coleção, Frida Kahlo para meninos e meninas, é possível conhecer uma mulher inspiradora: Frida Kahlo. Nesse livro, Nadia Fink narra a história da pintora desde seu nascimento, em 1907, à sua morte, em 1954, com destaque para as experiências dessa pintora e ativista.

Na infância, Frida se interessava por arte e fotografia por influência do seu pai. Na adolescência, ela fez uma prova para ingressar na melhor escola do México em uma época em que era quase impossível uma mulher estudar, pois a prioridade era o homem. Mesmo assim, persistiu e foi uma das 35 meninas que estudavam em uma escola com 2.000 meninos. Nesse mesmo período, sofreu um acidente e quase não sobreviveu. Devido a isso, precisou ficar de repouso e ficava muito entediada. Então, colocou um espelho em frente a sua cama e começou a pintar autorretratos. A partir desse momento, ela não parou mais.

Na fase adulta, Frida Kahlo estudou desenho e conheceu o pintor Diego Rivera, que se apaixonou pelos seus quadros e pela pintora que os produzia. Os dois se casaram, contudo não durou muito tempo, pois o relacionamento era abusivo e havia diversas traições. Kahlo, desse modo, se separou de Rivera e continuou sua carreira como pintora.

Além de pintar obras que tratavam sobre críticas sociais, seu país e vários autorretratos, Frida participou de muitos protestos e manifestações até o fim de sua vida. Como ela mesma dizia: “Viva la Vida”!

Em todo o livro, é possível encontrar diversas curiosidades e significados de palavras que ajudam a compreender melhor o enredo e fazem com que o leitor aprenda coisas novas. Com uma linguagem acessível a todos, essa obra possibilita que as crianças, desde cedo, conheçam, assim como Frida, outras personalidades incríveis e reais, oportunizando que se inspirem nessas personagens, para seguirem seus sonhos, quebrarem estereótipos e revolucionarem o mundo. Pois, o futuro somos nós quem construímos!

 

FINK, Nadia. Frida Kahlo para meninos e meninas. Florianópolis: Editora Chirimbote, 2015.

 

ESTUDANTE

PREMIAÇÃO

CATEGORIA

OBRA

MARIA LUÍSA DE SÁ ROSA FIGUEIRÊDO SOARES

MENÇÃO HONROSA

TEXTO ESCRITO – ENSINO FUNDAMENTAL

OTELO

 

Otelo é uma tragédia escrita por William Shakespeare em, possivelmente, 1603. Shakespeare foi um poeta, dramaturgo e ator inglês. Nascido em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, foi um dos maiores, se não o maior, dramaturgos e autores da história. Escreveu diversas tragédias e peças famosíssimas e históricas, como Hamlet, MacBeth, Otelo, Romeu e Julieta, entre muitas outras. Suas obras têm diversas referências a eventos e personagens históricos, o que nos faz entender e refletir sobre a época em que foram escritas.

Tudo começa quando o general mouro de Veneza nomeia Miguel Cássio, florentino, como seu tenente, no lugar de Iago. O sub-oficial é tomado por pura ira e inveja, começando um plano de vingança hediondo contra Otelo. 

E assim começamos com a primeira cena da tragédia, quando Iago tenta e consegue convencer Rodrigo, antigo pretendente da bela Desdêmona, a contar que ela fugiu de sua própria casa para casar-se com Otelo, ao pai da garota, Brabâncio, senador respeitado de Veneza. Após discussões, é marcada uma reunião com o Conselho de Veneza para debater o assunto e decide-se que o Mouro e sua amada poderão ficar juntos.

O resto da história se passa no Chipre, onde Otelo foi chamado para governar temporariamente. Lá, Iago começa seu segundo plano vingativo, onde mataria dois coelhos com uma cajadada só: derrubaria tanto Otelo, como Miguel Cássio. Aos poucos, com as mais diversas estratégias, Iago influenciaria o general a desconfiar e acreditar que as duas pessoas em que mais confiava estavam traindo-o, sua esposa e seu tenente. Tudo isso enlouqueceu completamente Otelo, que acaba acreditando no que o vilão lhe disse e, ao fim da obra, mata a sua pobre e inocente esposa.

Mesmo tendo sido escrita há cerca de 400 anos, essa tragédia Shakespeariana nos traz reflexões importantíssimas para os dias de hoje, como racismo, xenofobia, ciúme, traição, amor e, a principal delas, a confiança.

Entre as minhas reflexões, penso que a verdadeira semente da desconfiança e do ciúme plantada na cabeça de Otelo tenha sido o aviso de seu sogro no começo da obra: “fique de olho, Mouro, seja minucioso, quem enganou o pai, pode enganar o esposo”. Acredito que talvez, se não fosse por essa frase, o plano de Iago não tivesse obtido sucesso.

Além disso, julgo importante ressaltar que Otelo sofria muito mais preconceito por ser bárbaro, do que por ser negro. Isso pode ser percebido em vários trechos ao longo do livro. Acrescente-se ainda o fato de que naquela época havia muito preconceito com pessoas dessa origem.

Otelo foi uma das obras mais incríveis que já li. Desenvolve os personagens de maneira excepcional, provocando reflexões a respeito de importantes questões atemporais, ininterruptamente, dentro de seu universo singular e sempre surpreendente.

 

SHAKESPEARE, William. Otelo. São Paulo: Principis, 2021.